domingo, 12 de outubro de 2008

Para Hume, causa e efeito. Para Skinner, previsão, controle e interpretação.

“Quando qualquer objeto ou evento natural se apresenta, é impossível para nós, por meio de qualquer sagacidade ou argúcia, descobrir ou mesmo conjecturar, sem experiência, qual evento resultará daquele, ou conduzir a nossa previsão para algo além do objeto que está imediatamente presente para a memória e os sentidos. Mesmo após uma situação, ou um experimento, em que tenhamos observado um evento particular vir em seguida de outro, não estamos autorizados a formar uma regra geral, a antecipar o que acontecerá em casos semelhantes. É justo que se considere uma temeridade imperdoável julgar todo o curso da natureza a partir de um experimento singular, apesar da sua precisão e certeza. Mas quando uma espécie particular de eventos sempre esteve, em todos os casos, conjugada com outra, não temos nenhum escrúpulo em prever um desses eventos a partir da aparição do outro, empregando aquele raciocínio que, sozinho, nos assegura de qualquer fato ou existência. Então, chamamos um objeto de Causa; o outro de Efeito. Supomos que haja alguma conexão entre eles; alguma força, no primeiro, pela qual ele produz infalivelmente o segundo, operando com a maior certeza e a mais forte necessidade. (...) Quando dizemos que um objeto está conectado a outro, isso significa apenas que eles adquiriram uma conexão em nosso pensamento. (...) Nenhuma conclusão pode agradar mais ao ceticismo do que as descobertas a respeito dos limites tênues e estreitos da razão e da capacidade humana”.

Hume aponta para a descrição, baseada na indução, dos fenômenos naturais. A psicologia científica também está preocupada com a descrição de uma parte da natureza. A análise do comportamento, segundo a fudamentação behaviorista radical, está preocupada com a descrição do comportamento humano - o que pode incluir previsão, controle e interpretação. Hume entende que tal proposta é limitada no que diz respeito à razão e à capacidade humana, mas tal entendimento pode ser discutido de acordo com as implicações derivadas do acúmulo de conhecimento científico acerca dos fenômenos humanos.
Com relação à previsão, dada a observação do comportamento pode-se chegar a conclusões gerais - leis gerais - às quais todo comportamento está sujeito. O comportamento pode ser descrito como a relação entre as respostas de um organismo e os estímulos do ambiente. Pode-se falar de um comportamento respondente, que é eliciado por um estímulo condicional ou incondicional, de um comportamento operante, que tem sua probabilidade alterada pelas conseqüências que produz, e ainda de outras formas de comportamento, como os adjuntivos ou supersticiosos.
A previsão de um comportamento leva a tecnologias de controle. Se uma lei do comportamento dita que um estímulo X elicia uma resposta Y, o cientista do compormento dispõe, dessa forma, de uma ferramenta de controle. Basta a manipulação de tal estímulo para que a resposta correspodente seja emitida. Se outro enunciado desreve que uma dada consequência altera a probabilidade de emissão de uma resposta, se torna possível selecionar aquelas respostas de interesse especial do cientista e que serão alvo do seu estudo.
Porém a interpretação destas formas de previsão e controle tornou-se livre da inferência a forças que conectam os eventos. O behaviorismo radical assume que a relação explicativa entre antecedentes ou consequentes e a resposta é descritiva. Segundo a abordagem, tal explicação é suficiente.
Como foi aqui brevemente discutido, a construção de conceitos acerca do comoprtamento humano vem clarificando o conhecimento da razão e da capacidade humana. Segundo os paradigmas da ciência, que implicam no estudo sistemático partindo da simplicidade em direção à complexidade, hoje muito se tem a dizer acerca da previsão, controle e interpretação do comportamento humano.

Um comentário:

Christopher Rodrigues disse...

Meu caro Rodrigo, parabéns pelo blog, é sem dúvida de conteúdo fascintante!^^
Seria mto proveitoso se tivéssemos professores como vc na graduação para lecionar as disciplinas de análise do comportamento, não atendo-se apenas a uma teoria rígida, mas "transformando" essa teoria constantemente de modo que ela possa servir para análises filosóficas tão ricas como essa. Posso dizer inclusive, que pela negligência de analistas do comportamento, é que existe preconceito com relação a esse episteme, pois alguns se mostram incapazes (dentro de sala de aula) de construir relações tão bem estruturadas nos mais diversos âmbitos do conhecimento.
Estou fascinado pela tamanha extensão da teoria behaviorista em conseguir conciliar, para mim, duas grandes paixões: A filosofia e a psicologia aplicada.
Parabéns pelo blog!^^

P.S. - Obrigado pelo coment no blog, espero q tenha gostado das minhas "digressões filosóficas"...
Aproveitando o ensejo, vc tem algum material em análise do comportamento que possa ser utilizado para analisar a ritualística de determinado grupo religioso, ou algo nesse sentido?
Abraços.