quinta-feira, 17 de abril de 2008

Fenomenologia do Espírito - Hegel

"Mas esse movimento da consciência-de-si em relação a uma outra
consciência-de-si se representa, desse modo, como o agir de uma (delas). Porém
esse agir de uma tem o duplo sentido de ser tanto o seu agir como o agir de
outra; pois a outra é também independente, encerrada em si mesma, nada há nela
que não seja mediante ela mesma.
A primeira consciência-de-si não tem diante
de si o objeto, como inicialmente é só para o desejo; o que tem é um objeto
independente, para si essente, sobre o qual portanto nada pode fazer para si, se
o objeto não fizer em si o mesmo que ela nele faz. O movimento é assim, pura e
simplismente, o duplo movimento das duas consciências-de-si. Cada uma vê a outra
fazer o que ela faz, cada uma faz o que da outra exige – portanto faz somente
enquanto a outra faz o mesmo. O agir unilateral seria inútil; pois, o que deve
acontecer, só pode efetuar-se através de ambas as consciências."
Sobre Hegel: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hegel

Hegel apresenta considerações sobre a consciência-de-si, o que pode ser discutido segundo a perspectiva analítico-comportamental do auto-conhecimento. Ainda pode ser relevante abordar o processo de condicionamento de estímulos, a aprendizagem vicariante e a competência social.
O auto conhecimento tem origem social e surge se uma comunidade verbal faz perguntas do tipo “O que você fez?”, “O que você está sentindo?” ou “Do que você mais gosta?”. Ou seja, para promover o auto-conhecimento, uma consciência-de-si deve se relacionar com outras consciências-de-si.
Quando as pessoas participam da vida de alguém, intermediando outros reforçadores incondicionais, “ter pessoas participando da sua vida” pode se tornar um estímulo reforçador condicional. Por isso a primeira consciência-de-si não tem diante de si um objeto – este ainda não se tornou um estímulo reforçador.
Se uma pessoa faz algo que viu outra pessoa fazendo e, assim, passa a produzir certos reforçadores, ela pode aprender a se comportar "olhando". Isso se chama aprendizagem vicariante. Por isso Hegel pôde exemplificar o processo em que uma consciência-de-si faz o que a outra faz.
A comunidade verbal, então, pode estabelecer-se como uma eficaz agência para ensinar às pessoa quais comportamentos serão bem sucedidos naquela comunidade. Ela pode definir a competência social. Dessa forma, um agir unilateral, sem contato com as outras consciências-de-si, seria mesmo inútil.
Parece, de uma forma geral, que as considerações de Hegel estão de acordo com concepções analítico-comportamentais. Porém, o texto é carregado de obscuridade. Muito do que é chamado de consciência-de-si poderia ser chamado de comportamento consciente e grande parte do que é apontado como fenômeno universal, muito provavelmente se trata tão somente de eventos particulares.